Os dois olhavam para o teto branco. A gente sempre se acha um pouquinho filósofo enquanto olhando para um teto branco.
Foi durante essa filosofia de colchão que ele perguntou o que ela mais temia na vida.
- Meu maior medo é de no futuro não existir alguém que possa – e que queira - parar tudo o que estivesse fazendo para correr em meu socorro, caso eu venha a precisar. E de me tornar uma profissional medíocre.
Ela queria que ele respondesse que não havia motivos com os quais se preocupar, que ele seria esse alguém a estar sempre lá, ao lado dela. Ela queria que ele disesse que se ela torcesse o pé na rua ele sairia no meio de um expediente pra levá-la ao hospital. Ou que se ela brigasse feio com o chefe ele compraria sorvete e alugaria um filme de comédia para a distrair, e ia entender se ela não achasse assim tanta graça na comédia. Mesmo que não fosse verdade, mesmo que fosse só da boca pra fora, ela queria que ele tivesse dito algo assim. Mas o que ele disse foi:
- Eu também tenho medo de ser pobre.
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