Todo mundo fala de filosofia de bar e esquece da filosofia de busão.
A gente cresce e, no sentido natural das coisas, se mata pra comprar um carro ou uma moto ou qualquer outro meio de transporte nada sustentável, porém cheio de independência e conforto ao invés de cheio de gente com suvaqueira. O que é muito bom, verdade seja dita. Mas por favor vamos lembrar de dar os créditos à filosofia de busão porque perto da filosofia de bar ela sempre é deixada de lado. Afinal, pra tomar porre não tem idade ou fase na vida e ninguém quer deixar de beber - mas pra deixar de pegar o busão lotado quanto mais cedo e mais rápido, melhor.
Na verdade andei de ônibus bem menos do que muita gente por aí, sempre tive caronas muito bem dispostas e quando viajo sou fã de metrô. Mesmo assim, já segurei muitas bolsas que não eram a minha, já fui assaltada, já dividi banco com criança chorona, já dormi em pé, já dormi sentada, já dormi sentada e caí com a cara no chão. Ou seja, tudo que tem direito. Mais importante: já pensei e pseudo-filosofei muito. Nas viagens intermináveis de Rio Doce/CDU, porque é longe pra caramba; nas viagens intermináveis São Paulo-Campinas, porque nem é tão longe mas a ansiedade em chegar logo multiplica o tempo por mil.
Ficava lá na minha cadeirinha ou no meu m² - lutando bravamente por um espaço para pôr os DOIS pés no chão ao mesmo tempo - pensando bobagem ou nem tão bobagens assim. Refleti bastante sobre o sentido da vida, tentando entender o significado disso tudo. Mas aí a parada chegava e eu tinha que parar de filosofar para colocar os pés no chão. Nunca descobri o tal sentido da vida. Mas foi quase, foi por muito pouco! Certeza.
Talvez seja um dos motivos pelo qual enrolei por tanto tempo pra tirar carteira. Vejam só, no carro não dá pra ficar viajando muito porque você coloca a cabeça nas nuvens e é capaz de colocar junto o carro no poste ou coisa pior.
Deixo a dica:
As coisas estão ficando confusas? Suba num Santa Casa/Joana Bezerra.
Na verdade não tirei carteira porque não queria gastar com gasolina, mas acho divertidíssimo fingir profundidade ;)
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